Capacitação qualifica peritos para elucidar crimes pela análise de manchas de sangue
Manchas de sangue são vestígios que auxiliam nos três pilares da criminalística: a materialidade, dinâmica e a autoria do fato
A Polícia Científica do Pará (Pcepa) promoveu o curso “Manchas de sangue: interpretações para local de crime”, organizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento e Pesquisa (Coapes). A capacitação objetiva qualificar peritos e auxiliares técnicos para a produção dos laudos técnicos que auxiliam nas investigações de crimes violentos.
O Pará é o terceiro ente da federação a receber o curso de forma presencial, já ministrado no Espírito Santo e Acre. O curso formou um turma com 40 alunos, e contou também com a participação de delegados da Divisão de Homicídios da Polícia Civil.
Neste ano, a coordenação dos cursos do programa investiu em profissionais vindos de diversas partes do País, para proporcionar aos inscritos a oportunidade de compartilhar experiências e dialogar com as distintas realidades do campo pericial. Sendo assim, a capacitação foi ministrada pelo analista em manchas de sangue, membro da Associação Internacional de Analistas de Manchas de Sangue (IABPA) e perito criminal da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) do Mato Grosso, Daniel Soares.
De acordo com o analista, as manchas de sangue são vestígios que auxiliam nos três pilares da criminalística que compõem a investigação criminal: a materialidade, dinâmica e a autoria do fato.
“Quando você começa a compreender a fundo as manchas de sangue e todas as informações que a análise dos perfis de sangue pode nos trazer em um local de crime, você começa a buscar elementos de dinâmica, autoria e materialidade de uma forma mais incisiva” - pontua Daniel Soares.
A presença deste vestígio em uma cena de crime pode ser fundamental para produzir provas materiais, tendo em vista que manchas de sangue contém material genético que podem comprovar a autoria do fato. Diante disso, o objetivo do curso é garantir que os peritos criminais realizem uma análise da cena do crime buscando elementos de autoria que auxiliem na elucidação de crimes.
Como parte da metodologia, o curso foi dividido em duas fases: teórica e prática. Na fase teórica, que ocorreu no auditório da sede da Pcepa, em Belém, foram reforçadas as orientações acerca dos procedimentos técnicos em um local de crime e a importância de se preservar os vestígios na cena, ao apresentar conceitos biológicos do sangue, como os perfis das manchas, que quando aplicados nas cenas encontradas em locais de crime, auxiliam para compreender a dinâmica do fato e colaborar com a investigação policial.
“É um vestígio extremamente importante e rico em um local de crime e que muitas vezes é deixado de lado pela falta de conhecimento na devida análise deste vestígio” - afirma Daniel Soares.
Na parte prática, os peritos se locomoveram para o estande de tiro da instituição, para analisar os perfis de sangue gerados em locais de crime que utilizam arma de fogo. Em seguida, a turma se direcionou a uma sala adaptada, especialmente para o curso, onde tiveram a oportunidade de realizar experimentos produzindo manchas de sangue, utilizando sangue animal, em superfícies e situações diversas que simulavam um local de crime, assim como, testar a interação do sangue em diversas superfícies.
Para o perito criminal, do setor de crimes contra a vida, da Coordenadoria Regional de Castanhal e participante da capacitação, Rafael Gomes, a temática do curso é essencial no cotidiano de quem exerce função no setor de local de crime.
“O sangue é o vestígio mais comumente encontrado e a leitura correta da morfologia das manchas de sangue possibilitam não só atestar a materialidade do fato, como também dar um diagnóstico diferencial do que aconteceu no local” - aponta o perito.
Para a Diretoria de Criminalística, o curso atende qualificar os profissionais da PCEPA na produção de laudos técnicos mais detalhados para melhor servir a sociedade.
“O curso de manchas de sangue vem atender uma demanda solicitada pelos Peritos Oficiais e contempla não somente a sede Belém, como também as Regionais. O resultado dessa formação é a qualificação desses profissionais e um laudo técnico científico mais robusto" - diz a diretora do Instituto de Criminalística da PCEPA, Isabela Barretto.