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'O Periquito do Marajó' quer despertar consciência ambiental no público infantil

A julgar pelo título, "O Periquito do Marajó", parece literatura infantil do gênero "faz de conta". A ilustração da capa, em cores vivas, e do interior do livro reforçam essa impressão. Mas o enredo também busca estimular a conscientização ambiental nas crianças. A obra é de autoria do perito criminal Onofre Arcleidy Pereira, do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” (CPC), lançada no estande dos Escritores Paraenses na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, realizada no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, até 1º de setembro (domingo).

O livro é baseado em uma perícia de crime ambiental feita pelo CPC, relacionada a mortes de periquitos que se alojavam na samaumeira que fica na Praça Santuário, em frente à Basílica Santuário de Nazaré, em Belém. Peritos criminais fizeram a coleta de quatro aves e, após a perícia, atestaram que os animais morreram devido aos fogos que eram queimados no encerramento da Festividade do Círio de Nazaré.

“Essa foi a minha grande inspiração. Inclusive, essa perícia dos periquitos é ilustrada no meu livro” - contou o autor da obra.

A publicação também visa estimular nas crianças a necessidade da obediência aos pais, o respeito ao próximo e a procurar sempre fazer o bem.

“O enredo narra a saga de um periquito que sai debaixo das asas dos pais para conhecer os encantos da floresta. Nisso, ele se perde dos pais e começa a fazer buscas para reencontrá-los, e inicia uma grande aventura por várias partes de Belém, onde enfrenta perigos e ajuda até os inimigos. Ele se refugia na samaumeira da Praça Santuário, até salvar os pais das mãos dos caçadores clandestinos” - acrescentou Onofre Arcleidy Pereira.

Interação - Ainda de acordo com o perito, toda a produção do livro foi feita com recursos próprios. O autor, que é formado em Artes e desenhista, assina também as ilustrações da capa e do interior do livro.

“Como adoro desenhar, fiz todas as ilustrações do meu livro. Como o financiamento partiu de meus próprios recursos, fazer as ilustrações já foi um custo a menos” - disse o autor.

Além de toda a narrativa, a publicação traz ilustrações em preto e branco para que as crianças possam interagir com os personagens pela pintura.

“Isso foi pensado justamente para elas fazerem essa interação com o enredo do livro. Na última página existe um glossário com as especificações de todos personagens, que podem orientar as crianças quando forem pintá-los” - informou.

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O escritor e perito criminal Onofre Arcleidy Pereira (c) mostra o livro lançado no estande dos Escritores Paraenses
Foto: Divulgação

Causa nobre - Se o enredo traz a temática ambiental, a vendagem do livro “O Periquito do Marajó”, que teve tiragem inicial de 200 cópias, abraçou uma causa social. Toda a renda foi revestida para uma criança com paralisia infantil que precisava de uma cadeira de rodas, mas cuja família não tinha condições de comprar.

“Eu conheci essa criança no bairro do Curuçambá. Ela está com 8 anos de idade, os familiares estão com dificuldades de transportá-lo, e me disseram que precisavam de uma cadeira especial, que custa cerca de R$ 3.500,00. Graças a Deus vendi toda a tiragem, que foi suficiente para comprar” - disse o autor.

O autor Onofre Arcleidy Pereira é perito criminal há 18 anos, mas sempre alimentou seus dons artísticos. Em 2014 ele lançou o primeiro livro, intitulado “Local de Crime na Ilha de Cotijuba”, um caso policial fictício também baseado na rotina da perícia criminal. Assim como “O Periquito do Marajó”, a publicação foi lançada na Feira do Livro daquele ano.

“Já estou pensando em outro livro, que também será baseado em algum caso pericial” - adiantou o escritor.